Episódio de estreia do inédito ‘Dinheiro Sujo: Por Dentro da Economia Soviética’ revela plano que salvou indústria bélica

Documentário traz imagens de arquivo e depoimentos inéditos de historiadores, economistas e professores (Crédito: Divulgação/Curta!)

Em apenas três décadas, da Revolução Russa até a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética se transformou em uma potência econômica e militar. Para manter sua posição e proteger suas terras e conquistas, o país elaborou um plano industrial ousado. A história é contada no episódio “A Mobilização Social”, o primeiro da minissérie inédita “Dinheiro Sujo: Por Dentro da Economia Soviética”, que estreia com exclusividade no Curta!, no dia 9 de maio.
 

Com produção da GoGoGo Films para a Arte France, o documentário, dirigido por Gil Rabier, é dividido em duas partes. Trazendo imagens de arquivo, depoimentos inéditos de historiadores, economistas e professores, além de gráficos que ilustram os caminhos da economia e dos campos de batalha, a minissérie analisa o desenvolvimento industrial e bélico soviético.
 

O primeiro episódio parte da assustadora invasão alemã do território soviético. A Operação Barbarossa, como ficou conhecida a manobra do exército nazista, se tornaria um ponto de virada na Segunda Guerra e, mais à frente, teria consequências na geopolítica mundial do restante do século XX.
 

Para salvar sua produção industrial, Stalin ordena que as fábricas sejam desmontadas da frente ocidental e reinstaladas no interior do extenso território soviético. Em poucos meses, a operação move estoques, maquinário e operários com sucesso. Os soviéticos conseguiram realocar mais de 1.500 fábricas.
 

“Para a população soviética, a invasão foi um choque e eles não sabiam como reagir. Mas quando Stalin fez seu discurso no rádio, foi um chamado ao povo para que (todos) ficassem juntos e repelissem o invasor fascista. Isso os fez perceber que esta guerra era uma luta em que todos teriam que se envolver”, avalia o professor honorário da Universidade de Exeter, Richard Overy.
 

Ao mesmo tempo, era preciso seguir alimentando o Exército Vermelho, que encarava seu maior desafio no conflito. Siderúrgicas, linhas de montagem de tanques e aeronaves, usinas e fabricantes de armamentos e uniformes foram realocados e tiveram sua produção aumentada. A economia soviética estava se concentrando na guerra, e vários ramos de produção foram convertidos para esforços militares.

“Para os civis, a guerra era uma extensão de uma sociedade, uma economia que vivia em situação de guerra ao longo dos anos 30. Isso explica sua resistência, mas também sua falta de contestação e sua familiaridade com todas as dificuldades que sofreram”, afirma o historiador Nicolas Werth.
 

Problemas com a evacuação das pessoas e com o transporte de maquinário, redes congestionadas, fome e frio: foram vários os desafios encarados a partir da invasão nazista e reforçados com os planos do Governo. Para convencer a população da importância de seu engajamento no sucesso não só do êxodo industrial, como da própria guerra em si, a forte propaganda soviética precisou entrar em jogo.
 

Uma das mais estratégicas e importantes áreas da política soviética, a propaganda era utilizada desde os anos da Revolução. Não à toa, estúdios de filmes também foram realocados para terras mais seguras, a fim de que seguissem produzindo peças como “Pessoas Simples”, sobre a história da evacuação industrial, e “Concerto Para o Front”, convocando o povo para a guerra patriótica.
 

“A propaganda era equipada com todo tipo de arte… a imprensa, as artes plásticas, a literatura, os cartazes e, claro, o cinema, que teve um lugar privilegiado. Os filmes eram uma arma indispensável”, conta a historiadora da Universidade de Toulouse Jean Jaurés, Natacha Laurent.
 

“Dinheiro Sujo: Por Dentro da Economia Soviética” é uma produção da GoGoGo Films/Arte France. O filme pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). A exibição é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 9 de maio, às 23h.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *