A alergia é uma das principais queixas nas visitas ao veterinário e pode acontecer por inúmeros fatores
As alergias nos pets são queixas cada vez mais comuns nos consultórios veterinários. Acompanhada de intensas crises de coceira e algumas vezes até mesmo da queda de pelos na região, a crise alérgica acontece como um mecanismo de defesa do corpo do animal contra algo que o sistema imune acredita ser danoso.
Coçar de vez em quando é normal, e isso não está necessariamente ligado a algum problema de saúde. Já as coceiras intensas (quando o animal se coça, se morde e até mesmo se esfrega em alguns móveis ou objetos) acompanhadas de vermelhidão intensa, quedas de pelo, descamação, odor diferente do normal e lesões de pele podem indicar crise alérgica.
A pele é o maior órgão dos cães e funciona como uma barreira que o protege contra lesões químicas, físicas e microbiológicas (bactérias, fungos, ácaros e vírus). Nela, vive uma gama de micróbios que constituem o microbioma cutâneo natural do animal. “Esse ecossistema que existe na pele do animal desenvolve uma espécie de barreira de proteção, juntamente com a ceramida, mantendo o pH da pele em equilíbrio”, explica a gerente de produtos dermatológicos da Avert Saúde Animal, Mariana Raposo. “Quando este ecossistema se fragiliza, seja por desequilíbrio de algum dos microorganismos presentes na pele ou por deficiência na produção de ceramidas, a pele fica mais vulnerável às interferências do ambiente”.
Mariana conta abaixo quais são as três principais causas de alergia nos cães, por que acontecem, como são diagnosticadas e qual é o tratamento.
1) Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas (DAPE):
A alergia causada pelas picadas de pulgas e carrapatos. É a alergia mais fácil de ser diagnosticada pelo médico veterinário e a mais simples de tratar.
É comum que a picada destes parasitas incomode causando coceira, e isso acontece porque a saliva da pulga e do carrapato libera substâncias que estimulam a liberação de histamina pelo organismo do pet. Um animal que sofre de DAPE tem uma resposta exagerada do organismo à essas picadas, apresentando uma coceira muito intensa e queda de pelos localizada, o que pode provocar descamação de pele e até mesmo favorecer o aparecimento de lesões e infecção bacteriana. Descamação de pele nas regiões dorso lombar, de virilha, interna da coxa e na cauda são características da dermatite por picada de ectoparasita.
O tratamento se baseia na eliminação dos ectoparasitas do animal e do ambiente, e pode ser mantido com a utilização na frequência ideal dos antipulgas e anticarrapatos.
2) Hipersensibilidade Alimentar (HA)
Esse tipo de alergia acontece quando alguma proteína ingerida pelo cão é identificada pelo organismo como algum agressor. Os alérgenos mais comuns para os animais que sofrem de hipersensibilidade alimentar são a carne bovina, frango ou cordeiro, soja, milho e trigo.
Tanto o diagnóstico efetivo como o tratamento dos animais que sofrem com HA são baseados na mudança da alimentação para uma dieta hipoalergênica, que deve ser sempre indicada e acompanhada de perto pelo médico veterinário.
3) Dermatite Atópica
Dermatite atópica é a condição alérgica mais comum, que atinge entre 20% e 30% da população canina mundial. Suas causas não são esclarecidas, podendo ocorrer por alérgenos ingeridos, inalados ou absorvidos pela pele. A doença é hereditária, não tem cura, mas é possível que o pet viva normalmente quando as crises alérgicas estão controladas.
O principal sintoma da dermatite atópica é a inflamação, que gera vermelhidão ao redor dos olhos, da boca, nas patas, nos condutos auditivos e na região de virilha e abdômen. O diagnóstico é concluído através de testes de alergia e muitas das vezes não é possível retirar completamente o causador da alergia do contato com o pet (por exemplo pólen, poeira, ácaros…), mas existem protocolos capazes de “educar” o sistema imunológico do pet a não reagir mais de maneira exagerada à presença daquele alérgeno.
“Manter a saúde da pele é uma necessidade constante para todos os pets, principalmente aqueles que sofrem ou já sofreram com algum tipo de alergia, e muitas vezes é um cuidado negligenciado pelo tutor. A utilização de produtos como hidratantes, shampoos que nutrem o microbioma cutâneo e suplementos a base de ômegas com alta concentração de EPA, DHA e GLA específicos para o pet ajudam a manter uma pele mais saudável e protegida, fortalecendo a barreira cutânea e ajudando na prevenção das crises alérgicas”, finaliza Mariana.