Com alta na inflação, pessoas produzem roupas e acessórios para presentear no Natal

Segmento têxtil também é saída para o empreendedorismo

Com inflação anual a 10,25% e o dólar acima dos R$5,60 impactando os preços de diversas mercadorias, muitas pessoas vão presentear de uma forma diferente no Natal.  Este é o caso da aluna da Escola de Moda Sigbol Rosa Maria da Silva, 47, que decidiu fazer roupas e acessórios para sua família e amigos.  

Usando os ensinamentos das aulas de corte e costura da unidade de Santo Amaro, em São Paulo, ela escolheu fazer um vestido para sua sobrinha e um casaco para uma de suas irmãs. Entre duas amigas e outras duas irmãs, ela distribuirá bolsas que fará com a ajuda de suas professoras da instituição. Assim, ninguém vai ficar sem presentes este ano.  

“Decidi no início de outubro que faria desta forma. Além de ser uma opção bem mais barata, presentear alguém com algo que eu mesma fiz significa muito mais do que simplesmente comprar algo em uma loja e entregar. Eu economizo de um lado e do outro, faço a minha parte para que se sintam especiais”, declara a aluna.  

Zuleide Ramos, 67, já costuma presentear algumas crianças com peças de roupas que faz há mais de três anos, mesmo período em que frequenta as aulas de corte e costura na Sigbol. Sua última ação aconteceu no Dia das Crianças, em que entregou mais de 15 peças entre pijamas e moletons no Hospital de Amor de Barretos (SP). 

“No Natal, preparei vestidos, jardineiras e conjuntos para os pequenos. Meu intuito em aprender a costurar nunca foi para ganhar dinheiro e nunca será! Apenas fazer o bem”, conta Zuleide. 

Costura e empreendedorismo  

De acordo com o diretor da Escola de Moda Sigbol, Aluizio de Freitas, aprender uma técnica de corte e costura abre portas, inclusive, para o empreendedorismo. O crescimento em relação a 2020 foi de 45% considerando do 1º ao 3º trimestre. 

“Por ser um segmento que tem sempre demanda, empreender na confecção de roupas permite que as pessoas atendam vizinhos, amigos e familiares, e assim garantam uma renda”, declara o diretor.  

Segundo dados do Mapa de Empresas do Ministério da Economia, o número de empresas dos segmentos de fabricação, facção e confecção de roupas e acessórios de vestimenta aumentou 30% entre janeiro e setembro de 2021 na comparação com o mesmo intervalo de 2020. Em relação ao período pré-pandemia, o aumento é de 37%, mostrando que durante a crise sanitária, muitas pessoas escolheram o setor para empreender  

Como economizar nos materiais  

Segundo levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o preço do algodão, matéria-prima de muitos tecidos, aumentou em 47% em um ano na Bolsa de Nova York. Por isso, para quem vai colocar a mão na massa para presentear amigos e familiares e quer uma opção mais acessível, a dica de Aluizio é buscar materiais mais baratos, mas com qualidade.  

“Crepe nuage, tricoline, satin e gazar são alguns materiais baratos disponíveis no mercado. Muitas lojas fazem algumas promoções no metro do tecido, ficando vantajoso para quem pretende produzir materiais padronizados”, finaliza.