Sesc Pinheiros promove bate-papos online com artistas e curadora da mostra ‘Transbordar’

Público pode assistir e participar das conversas por meio do Zoom. Programação traz as artistas Lia Menna Barreto, Rosana Palazyan e Rosana Paulino sob mediação da curadora Ana Paula Cavalcanti Simioni

Obra da série Bastidores, 1997, Rosana Paulino | CF: Cortesia da artista
Sem título, 2019, Pola Fernandez | CF: Cortesia da artista
Beijo Azul, 2013, Lia Menna Barreto | CF: Galeria Bolsa de Arte

Obras de arte históricas e contemporâneas, em sua maioria nacionais, que refletem sobre o lugar do bordado na arte dos séculos 20 e 21 compõem a exposição Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte, em cartaz no Sesc Pinheiros. Com curadoria de Ana Paula Cavalcanti Simioni, a mostra reúne 39 artistas de diferentes gerações e pesquisas. Para estimular o debate acerca dos temas propostos pela exposição, o Sesc Pinheiros abre inscrições para o bate-papo Alinhavo e para o projeto Ziguezague, uma visita virtual guiada por artistas em seus ateliês.

O bate-papo nomeado Alinhavo está marcado para o dia 28 de abril, quarta-feira, 17h, e terá participação das artistas Lia Menna Barreto, Rosana Palazyan e Rosana Paulino sob mediação da curadora Ana Paula Cavalcanti Simioni e da assistente de curadoria/educadora Jordana Braz. A transmissão será gratuita, via Zoom. Para se inscrever, basta acessar o site bit.ly/cursos- sescpinheiros .

Já o Ziguezague, programa de visitas virtuais aos ateliês de artistas que compõem a mostra Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte, terá edições no dia 1º de maio, sábado, 15h, com Sol Casal; e dia 8 de maio, sábado, 15h, com Pola Fernandez. A transmissão gratuita acontece por Zoom e as inscrições estão disponíveis pelo link bit.ly/cursos-sescpinheiros.

Sobre a exposição

Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte, em cartaz no Sesc Pinheiros, tem curadoria de Ana Paula Cavalcanti Simioni e reúne 39 artistas de diferentes gerações e pesquisas. São nomes como Ana Bella Geiger, Bispo do Rosário, Karen Dolorez, Nazareno Rodrigues, Nazareth Pacheco, Rosana Paulino, Teresa Margolles e Zuzu Angel. Em comum, suas obras apresentam subversões dos sentidos tradicionalmente atribuídos a essa prática, tais como o de obras como sensíveis, delicadas e “femininas”.

Historicamente, o bordado foi uma atividade muito semantizada e, tal como ocorreu com diversas outras práticas artísticas, como a tapeçaria, vitrais e mobiliário, foi relegado pelo circuito acadêmico que pulsava na Europa do século XVI à condição de uma “arte menor”, ao contrário do que ocorreu com a pintura e escultura que foram, então, nobilitadas como “belas artes”.

A exposição discute a ideia do bordado como um ornamento tido como fútil ou pouco funcional por meio de obras que incitam a pensar sobre diversos tipos de violência – contra a população infanto-juvenil, violência de gênero, violência racial, violência manicomial, gordofobia e LGBTQIA – tão disseminados na sociedade contemporânea.

Para a curadora Ana Paula Cavalcanti Simioni, “o bordado é uma prática artística carregada de significado. Frequentemente é associado a uma produção feminina, doméstica e artesanal. Essas associações, no entanto, não devem ser vistas como naturais, e sim como fruto de uma história da arte e da cultura que se construiu a partir de divisões e hierarquias que, hoje, precisam e podem ser questionadas”.

Estruturada a partir de dois módulos – Artificando o Bordado e Transbordamentos – a exposição traz ao público mais de 100 obras. A disposição dos trabalhos no espaço expositivo é, simultaneamente, histórica e temática. São criações realizadas por artistas mulheres e homens que têm no bordado um meio expressivo e um contestador social.

Entre os destaques da mostra, há criações de Arpilleras, uma técnica chilena usada sobretudo por mulheres durante o período da ditadura como forma de denúncia e resistência.

“O caráter intimista do bordado também é revolvido pelo sentido social que essas obras podem ter. Isso porque elas evocam tradições de um saber fazer, coletivo, anônimo que é aqui apropriado e transformado”, explica Simioni. “Essas memórias, individuais e de grupo, são costuradas ou, como bem define Rosana Paulino, suturadas. São obras que transbordam as hierarquias, os limites a que essa prática foi, historicamente, confinada. Em cada uma delas, o bordado demonstra sua potência de encantar e incomodar, seduzir e conscientizar”, finaliza a curadora.

Lista completa dos artistas que compõem a mostra:

Aldo Bonadei, Anna Bella Geiger, Ana Miguel, AngelaOD, Arpilleras, Beth Moysés, Bispo do Rosário, Brígida Baltar, Caroline Valansi, Edith Derdyk, Fábio Carvalho, Fernando Marques Penteado, Janaina Barros, JeaneteMusatti, Jucélia da Silva, Karen Dolorez, Leonilson, Letícia Parente, Lia Menna Barreto, Nara Amélia, Nazareno Rodrigues, Nazareth Pacheco, Nino Cais, NiobeXandó, Paulo Lima Buenoz, Pedro Luis, Pola Fernandez, Regina Gomide Graz, Regina Vater, Rick Rodrigues, Rodrigo Lopes, Rodrigo Mogiz, Rosana Palazyan, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Sol Casal, Sonia Gomes, Teresa Margolles e Zuzu Angel.

Sobre a curadora

Ana Paula Cavalcanti Simioni é professora no Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo. É também orientadora credenciada junto ao programa “Culturas e Identidades Brasileiras (IEB-USP) e “Interunidades em Estética e História da Arte” (MAC-USP). Desde 2000, dedica-se ao estudo das relações entre arte e gênero no Brasil, destacando entre suas publicações “Profissão artista: pintoras e escultoras acadêmicas brasileiras, 1884-1922”, EDUSP/FAPESP, 2008/2019. Foi também curadora da exposição “Mulheres artistas: as pioneiras (1880-1930), com Elaine Dias, na Pinacoteca Artística do Estado de São Paulo em 2015.

Serviço:

Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte
Local: Sesc Pinheiros
Curadoria: Ana Paula Cavalcanti Simioni
Período expositivo: Até 8 de maio de 2021
Classificação indicativa: Livre
Grátis

Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195, Pinheiros
Saiba +: Sesc Digital
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