Faltam poucos dias para a chegada do carnaval, e a expectativa dos foliões em torno da principal festa popular do país é ainda maior por ser a retomada depois de dois anos de hiato devido à covid-19. Mas o momento também exige uma boa dose de alerta. De acordo com o infectologista Leandro Curi, do Hospital Felício Rocho, este período é de mais exposição às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
“De modo geral, o carnaval brasileiro oferece um clima bastante sensualizado, e isso faz com que os flertes muitas vezes terminem no ato sexual. Manter relações com diversas pessoas – sem preservativos, seja o interno ou externo – faz aumentar consideravelmente as chances de infecções”, adverte o médico. “O perigo é que as chances são elevadas, e o leque de doenças também”, acrescenta.
Isso porque a lista de ISTs é grande e preocupante: a mais conhecida é o HIV, mas Leandro cita também a herpes genital, o HPV, as hepatites virais, a gonorreia, a sífilis e a tricomoníase. As hepatites virais preocupantes no ato sexual são a B e a C; a hepatite A poderia ser transmitida de outras formas, como nas preliminares sexuais utilizando-se a boca ou mesmo compartilhando -se bebidas e canudinhos.
“Há infecções que têm aumentado o número de pacientes nos últimos anos, como foi o caso da sífilis, mesmo sem a ocorrência do carnaval, que é uma época incipiente para as ISTs diante das relações sexuais sem proteção”, alerta. De fato, o Ministério da Saúde registrou 64.300 casos da doença em 2021, um número 16 vezes maior do que a incidência em 2010. Destes, 62% foram identificadas em homens.
“O desprezo ao preservativo ainda é o motivo número 1 para boa parte desses casos. O número seria bem menor se houvesse mais consciência das pessoas através do uso da camisinha. Não somente pela infecção em si, mas por sua natureza congênita, o que significa que ela pode ser transmitida para o bebê se a mãe estiver infectada”, pontua o infectologista do Hospital Felício Rocho.