Para a consultora organizacional, Caroline Marcon, tanto quanto inevitáveis as críticas são importantes, mas é preciso buscar o equilíbrio no momento de assimilá-las. Nem todos os apontamentos são construtivos
A arte de liderar é das mais difíceis, principalmente porque uma das qualidades imprescindíveis para a posição é saber gerenciar críticas, que costumam vir de todos os lados. Até os mais renomados líderes sofrem com isso. A pressão de comandar diversas ações importantes ao país e ser julgada diuturnamente por isso fez a ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, por exemplo, aconselhar outras mulheres que almejam se tornarem líderes. Em certa ocasião ela disse: “É importante aprender a levar as críticas a sério, mas não de modo pessoal”. Isto porque, segundo ela, alguns detratores operam a partir de uma agenda. Assim, orientou a aprender com as críticas, mas não se deixar arrastar por elas.
Os conselhos da consultora organizacional, coach executiva e professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP, Caroline Marcon, para que os profissionais aprendam a lidar com críticas, que são inevitáveis e importantes para o desenvolvimento pessoal e na carreira, segue a mesma direção dos apresentados por Clinton. “Há críticas úteis e outras que só nos tiram do sério. O segredo de ser bem-sucedido nessa tarefa é saber identificar cada um dos tipos e lidar com as reações emocionais passageiras que eles geram”, diz Caroline.
A consultora organizacional explica que as reações emocionais mais frequentes que as pessoas têm quando são criticadas são: vergonha, sentimento escassez e de comparação. Sobre a vergonha, Caroline diz que se trata daquela sensação de que nada do que se faz é bom o bastante. Segundo ela, levar a sério este tipo de emoção, gera perturbação e pode paralisar qualquer ação que se quiser tomar. Para a coach executiva, ao sentir vergonha, o líder deve relativizar o sentimento, com a certeza de que se trata de uma emoção comum a todos.
A emoção relacionada a escassez vem de uma noção de que o mercado de trabalho está saturado e de que já é muito tarde para começar de novo. Para lidar com esse sentimento, Caroline sugere que o líder comece a encarar sua atuação profissional sob um prisma diferente. “Ao invés de pensar que você é só mais um neste mercado, reflita a respeito daquilo que te faz único na sua área”, diz.
O sentimento de comparação talvez seja o mais comum entre todos estes que são despertados quando o profissional se depara com uma crítica, afinal “a grama do vizinho é sempre mais verde”. A consultora organizacional destaca a nocividade deste tipo de conduta e pede que diante deste sentimento o líder pondere de que nada adianta para o crescimento profissional ficar se comparando com os outros e colocando-se para baixo. “Fazendo isso, você patina e, enquanto não sai do lugar, outros agem e se sobressaem”, argumenta.
Após refletir e gerenciar as emoções que vem a reboque das críticas, é preciso aprender a lidar com seus conteúdos. Segundo Caroline, o melhor a fazer é encontrar um ponto de equilíbrio entre aqueles que deve assimilar e os que deve descartar. “Se você ignorar todas as críticas, deixará de se conectar com as pessoas e pode deixar passar feedbacks importantes”, diz. Por outro lado, conforme a coach executiva, se absorver todas elas, perderá a liberdade de ser quem é e fazer suas próprias escolhas.
Assim, a consultora organizacional aconselha aos profissionais a assimilarem os apontamentos de pessoas que respeitam, e que estão certos de suas boas intenções. “Aceite de bom grado as críticas de quem você normalmente procuraria para pedir conselhos”, orienta.
Sobre Caroline Marcon
Graduada em Direito e em Administração de Empresas com mestrado em Comportamento Organizacional. Certificada em Coaching Executivo pela Columbia University New York, em ferramentas de Transformação Cultural pelo Barrett Values Centre, em Gestão da Mudança pelo MIT Sloan e em Meditação pelo Dr. Deepak Chopra nos EUA.
Fundadora da Marcon Leadership Consulting e sócia da Field Top Teams Consulting, empresas especializadas em desenvolvimento executivo. Atuou na consultoria global Korn Ferry por nove anos como diretora e coach executiva. Antes disso, trabalhou por cinco anos como consultora para a Organização das Nações Unidas (ONU) na International Telecommunications Union (ITU) e, paralelamente, como consultora de RH na Brasil Telecom/Oi.
É também professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP.