Sete comportamentos que queimam o filme no trabalho

Segundo a consultora organizacional, Caroline Marcon, tratar melhor a chefia do que os colegas é uma dessas atitudes que fazem o o profissional perder o respeito entre seus pares

O mundo profissional é repleto  de obstáculos. Conseguir aquele emprego dos sonhos  nem sempre é fácil, mas manter-se nele é mais difícil ainda e exige muitos esforços. Na ânsia de querer acertar, não raramente os profissionais “metem os pés pelas mãos”. Há uma série de comportamentos que os profissionais fazem que não costumam ser bem quistos por outros integrantes da equipe e pelos gestores. A  consultora organizacional, coach executiva e professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP, Caroline Marcon, destaca sete deles:

1 – Promete muito e entrega pouco: atrasa prazos e peca na qualidade

Segundo Caroline, o medo de não corresponder às expectativas faz com que muitos profissionais prometam mais do que podem entregar. Tal ato de “heroísmo” sempre cobra seu preço e ao cometer esses deslizes eles acabam por perder a credibilidade. “Assim, conhecer e gerenciar os medos e emoções é necessário para manter a calma e a reputação”, diz. Autodisciplina e integridade também são duas qualidades essenciais para o profissional que deseja ser visto como confiável pelos colegas e pela chefia. “Isto é importante, porque a confiança é a base da reputação profissional”, afirma.

2 – É ótimo em achar problemas, mas não propõe soluções

Ninguém quer ficar próximo de um profissional pessimista, cujas falas são carregadas de críticas, mas contêm pouca positividade e nunca apresentam uma saída para o problema apontado. Conforme Caroline, esse tipo de profissional tem dentro de si um crítico interno feroz, que não raramente trava seu próprio desenvolvimento e o dos outros. “Para desativar o poder do crítico interno, o profissional  precisa conhecê-lo, ouvir o que tem a dizer, para perceber que é apenas uma ‘criança medrosa’ que na maioria das vezes só quer chamar a atenção”, diz. Segundo a coach executiva, ao detectar isso, o profissional deve ser mais gentil consigo próprio e com os outros. “Pare de falar coisas negativas a todos e reconheça o que os outros têm de melhor”, aconselha.

3 – Evita mudanças a todo custo e com isso deixa passar boas oportunidades

Profissionais extremamente temorosos, como vimos, às vezes se perdem pela ação, prometendo mais entregas do que podem cumprir. Mas, quem tem o medo como guia pode também pecar pela omissão, pela inação, pela passividade. Ao optar sempre pelo seguro, costuma perder a premiação que só o desafio acarreta. Dessa forma, segundo Caroline, profissionais devem sempre que possível reinventar-se. “Disrupção pede inovação; isso vale para os mercados e também o ser humano. Atualize-se para manter-se relevante”, afirma.

4 – Não assume seus erros e vive de desculpas. Quando confrontado, costuma se fazer de vítima ou de desentendido

Segundo a consultora organizacional, quem aceita riscos para aprender e crescer inevitavelmente comete erros no trabalho. “Faz parte do jogo e quando isso acontecer o profissional não deve dar desculpas e se fazer de vítima. Isso só vai piorar a situação”, declara. Para Caroline, ante o erro, o profissional deve procurar demonstrar total compromisso em reparar a situação e pedir ajuda se necessário. ”Busque também aprender com a situação e encontre uma maneira visível de marcar alguns pontos e mostrar recuperação”, orienta.

5 – Não é proativo em pedir feedback e tende a ignorar as críticas construtivas que recebe

“Quem está disposto a se desafiar e crescer já sabe que as críticas são parte inevitável da jornada”, diz Caroline. Logo, segundo a coach executiva, o profissional que almeja sobressair-se em relação aos demais precisa procurar sempre cercar-se de pontos de vista distintos sobre seu desempenho. O ponto principal, de acordo com a consultora organizacional, é saber diferenciar críticas úteis de comentários que só visam à desestabilização. “Procure encontrar um ponto de equilíbrio. Se ignorar todas as críticas, você deixará de ser conectar com as pessoas e pode deixar passar feedbacks importantes. Se absorver todas  as críticas, você vai perder a liberdade de ser quem é e de fazer suas próprias escolhas”, afirma.

6 – Costuma tratar melhor o gestor do que os colegas de equipe

Nenhum profissional que faz distinção entre comandantes e comandados será respeitado a longo prazo pelos colegas. “Mas ganhar confiança, respeito e a colaboração dos pares é fundamental para criar um ambiente de trabalho saudável e dessa forma alcançar bons resultados”, argumenta Caroline. Assim a coach executiva aconselha a todos os profissionais estabelecer bons relacionamentos com colegas, em todos os níveis.

7 – Não se posiciona e não transmite energia

Um profissional anódino não gera impacto entre seus colegas e gestores e em razão disso passa a impressão de que não faz a mínima diferença ao ambiente. De acordo com a consultora organizacional, quem deseja se destacar e obter sucesso profissional necessita ser apaixonado pelo que faz e demonstrar isso em suas ações. “A paixão traz consigo criatividade e garra; é a energia positiva que permite a todos seguirem em frente nos dias bons e especialmente nos dias ruins”, diz.

*Sobre Caroline Marcon

Foto: Caroline Marcon – consultora organizacional
e coach executiva / Créditos: Carola Guglielmi

Graduada em Direito e em Administração de Empresas com mestrado em Comportamento Organizacional. Certificada em Coaching Executivo pela Columbia University New York, em ferramentas de Transformação Cultural pelo Barrett Values Centre, em Gestão da Mudança pelo MIT Sloan e em Meditação pelo Dr. Deepak Chopra nos EUA.

Fundadora da Marcon Leadership Consulting e sócia da Field Top Teams Consulting, empresas especializadas em desenvolvimento executivo. Atuou na consultoria global Korn Ferry por nove anos como diretora e coach executiva. Antes disso, trabalhou por cinco anos como consultora para a Organização das Nações Unidas (ONU) na International Telecommunications Union (ITU) e, paralelamente, como consultora de RH na Brasil Telecom/Oi.

É também professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP.