Evolução dos ativos abriu novas demandas de aplicação e uso, aumentando o acesso a esse tipo de produto ao consumidor
A aplicação de ativos antimicrobianos nos tecidos não é novidade na indústria da moda. A necessidade de oferecer mais durabilidade para as peças de roupas foi o fator que impulsionou esse tipo de proteção. No entanto, a pandemia jogou luz à evolução dessa demanda, pautada pela tendência da adoção de produtos mais sustentáveis e menos tóxicos.
O mercado têxtil antimicrobiano segue em trajetória ascendente no mundo. Segundo dados da Markets and Markets, o tamanho do setor no mundo deve crescer de US$ 10,7 bilhões, em 2021, para US $14,7 bilhões até 2026. Essa expansão será impulsionada pelo aumento da demanda da indústria da moda em geral, incluindo a parte de vestuário profissional.
Segundo Daniel Minozzi, CMO da Nanox, a tecnologia possibilitou a substituição de bases químicas empregadas nos tecidos – como azos, clorados, entre outros – por bases minerais, menos tóxicas, que causam menos alergias e irritabilidade na pele, como é o caso das tecnologias de prata, conferindo mais conforto para quem produz e para quem usa. “São produtos mais amigáveis para a preparação do tecido na linha de produção e em seu uso”, destaca.
Além disso, esses novos aditivos possibilitam que os tecidos tenham suas funções antimicrobianas preservadas ao ter maior resistência às lavagens. Com o advento da descoberta do poder inibidor da prata em relação ao Sars-Cov-2, uma nova porta se abriu para novas aplicações de tecidos antimicrobianos no setor têxtil em geral. “A questão da proteção que já existia ficou ainda mais latente com a pandemia”, enfatiza o CMO.
Outra grande vantagem do tecido antimicrobiano é em roupas de ginástica, já que inativam as bactérias e fungos, diminuindo o odor da transpiração e, consequentemente, trazendo maior conforto ao usuário.
O tecido antimicrobiano passou a ser usado não somente em roupas de ginástica e de profissionais, mas também para ser a base de cortinas, meias, toalhas de banho, lençóis, capas de travesseiro, roupas hospitalares, toalhas de mesa, uniformes, máscaras e outros vestuários para o dia a dia.
Antigamente, as roupas com tecido antimicrobiano faziam parte do mercado premium de moda. A tecnologia de prata, por questão de custo, aumentaram o acesso das pessoas a esse tipo de produto, a começar pelas máscaras de proteção. Apesar disso, a indústria da saúde e de tecidos profissionais, como por exemplo roupas usadas em uniformes, ainda é a maior consumidora de tecidos antimicrobianos, por ser obrigada a manter altos padrões de higiene e controle microbiológico, segundo os dados da Markets and Markets.
O CMO da Nanox ressalta que a utilização de roupas com tecidos antimicrobianos ajuda a evitar a contaminação cruzada. “Imagine uma linha de produção de uma indústria de alimentos, o quanto um uniforme com proteção antimicrobiana ajuda a evitar a contaminação cruzada. Com o retorno das viagens, imagine um hotel cujas camas contam com lençóis com essa propriedade, evitando uma possível contaminação cruzada por parte das pessoas que cuidam da limpeza do local”, exemplifica.
Algodão e poliéster
Com a nova tecnologia, a prata é aplicada dentro das fibras durante o processo de fiação ou extrusão, seja em fibras sintéticas, como as que compõem o poliéster, ou outras fibras sintéticas, já nas fibras naturais, como algodão, o produto é impregnados em tratamento químico, como o processo de tingimento que dá à coloração a fibra e tecidos.
De acordo com a pesquisa da Markets and Markets, o segmento de tecidos de algodão é projetado para ser o maior no segmento do mercado têxtil antimicrobiano – ele é o mais utilizado no mundo depois do poliéster. “O revestimento antimicrobiano em têxteis de uma maneira clara melhora a qualidade e a durabilidade do tecido resultando em mais vida útil para o produto, ou seja mais sustentabilidade”, diz Minozzi.
No mundo
A América do Norte detém a maior participação do mercado de tecidos antimicrobianos, de cerca de 33%, segundo dados de 2020. O crescimento do setor nessa região é impulsionado pela indústria têxtil médica, à presença de grandes empresas do setor de saúde na região – o que, por sua vez, aumentou o consumo de tecidos antimicrobianos.
No Brasil, esse mercado de tecidos ainda segue em desenvolvimento, mas alcançou novos passos com a pandemia. E se depender da evolução da tecnologia, o céu será o limite para novos patamares de evolução da proteção antimicrobiana.