Nostalgia na quarentena: por que buscamos o passado nos tempos incertos

O isolamento social devido à pandemia do novo Coronavírus mudou a rotina de boa parte da população e trouxe à tona o sentimento de nostalgia, com o compartilhamento e busca por memórias do passado. Nas redes sociais, as lembranças não se limitam mais ao famoso Throwback Thursday, o #TBT. O resgate de músicas antigas em lives de artistas e plataformas de streaming é cada vez mais comum.

Na primeira semana de abril, por exemplo, o Spotify divulgou aumento de 54% em buscas por composições do passado. Esse movimento, segundo a psicóloga do Hospital Edmundo Vasconcelos, Marina Arnoni Balieiro, é costumeiro diante de momentos incertos como o atual. “Em épocas mais reflexivas é comum ter uma retomada do passado, como forma de buscar compreensão do que ocorreu e um sentimento de segurança”, explica.

A fuga rumo ao passado, na maioria dos casos, não traz consequências negativas, pois instiga recordações agradáveis. “Só é preciso cuidado quando o hábito de buscar lembranças, músicas e momentos do passado motiva sentimentos de desânimo e introspecção de maneira recorrente”, explica Marina.

“Quando as lembranças, mesmo que negativas, não trazem reflexão, mas apenas introspecção e desânimo, com piora constante, é preciso ficar atento. E quando possível, procurar ajuda de um profissional. Estamos isolados fisicamente, mas é preciso continuarmos sociáveis e atentos ao presente”, ressalta.

Para manter essa sociabilidade citada por Marina, ela aconselha reorganizar a rotina e explorar alternativas tecnológicas como a chamada de vídeo ou aplicativos de conversa para se conectar com outras pessoas. A nostalgia pode até mesmo ser usada positivamente nesse momento e definir que os bate-papos com outras pessoas ocorrerão por meio de ligações telefônicas.

“É preciso compreender que a rotina mudou e não há problema em não cumprir todas as tarefas de antes. O importante é reorganizar os hábitos a fim de manter a sociabilização, que é parte importante neste processo que tem como premissa a volta do pensamento coletivo e não somente no individual”, finaliza.