O estilo de vida marcado por bolsas de grife, celulares de última geração e viagens internacionais sempre pareceu inatingível ao comparado à realidade do país, mas em tempos de crise econômica, a capacidade de venda deste conteúdo também pode ser afetada
Os influenciadores digitais ganharam este apelido pelo poder de agir diretamente no processo de compra dos que os acompanham. O estilo de vida marcado por bolsas de grife, celulares de última geração e viagens internacionais sempre pareceu inatingível comparado à realidade do país, mas em tempos de crise econômica, a capacidade de venda deste conteúdo também pode ser afetada. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, os gastos de brasileiros no exterior em março caíram em 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O publicitário e sócio do site Falando de Viagem, Bruno Unger, afirma que é preciso ter habilidade para se adaptar ao contexto em que o negócio está inserido.
O site focado em turismo foi criado em 2009 e se manteve como um dos principais veículos do nicho em épocas de dólar a dois ou quatro reais. ”Fica nítido que em épocas de crise, a procura por destinos nacionais dispara, então focamos nesta direção. Mas o FDV sempre teve uma forte frente em assuntos de inteligência financeira, explicando como usar milhas e benefícios de cartão de crédito, por exemplo. Estas dicas são atemporais”, contou Unger.
Além da produção de conteúdo sobre destinos ao redor do mundo, o Falando de Viagem também vende passagens aéreas, ingressos para atrações, aluguel de carros, entre outros serviços de empresas parceiras do site. É o caso da Rentcars, que viu no mercado de influenciadores uma enorme oportunidade comercial. A coordenadora de comunicação da locadora de automóveis, Michelle de Cerjat, é responsável pela relação da empresa com criadores de conteúdo e afirma que a Rentcars está na contramão do momento econômico do país e cresce em uma média de 40% ao ano.
Também na direção oposta da crise, Unger afirma que é nestes momentos que o Falando de Viagem mais recebe investimentos de terceiros. ”O FDV se adaptou e consequentemente teve um crescimento imenso em receita. Já tivemos o primeiro aporte e agora estamos em busca do segundo”, afirmou o publicitário. Para as empresas, anunciar nas plataformas de influenciadores digitais é uma opção mais barata e com resultado superior aos tradicionais, já que o público-alvo atingido é mais definido.
”A capilaridade que o parceiro consegue atingir e a qualidade do público que acessa criam uma sinergia muito interessante para nós, criando um leque de oportunidades. O mais óbvio é o público, mas além disso temos uma troca de autoridade e confiança. Os usuários confiam no FDV e vendo nossa marca lá dentro, passam a ter uma empatia conosco, mesmo que não nos conheçam”, explicou Michelle.
O criador de conteúdo precisa saber dançar no ritmo da música. Os resultados positivos do Falando de Viagem e da Rentcars em meio à crise econômica evidenciam que é preciso ser capaz de adaptar o formato e conteúdo para maior compatibilidade com a situação financeira do país. Afinal, se este novo mercado vende a partir de identificação, torna-se mais interessante criar a partir das atuais demandas da maioria dos brasileiros do que ignorá-las.
Reportagem: Manoela Caldas